CRAS promovem direitos e autonomia de mulheres em Belo Horizonte

CRAS de Belo Horizonte oferecem apoio a mulheres por meio de grupos de acolhimento, promovendo direitos, autonomia e superação de desafios.

Mar 12, 2025 - 11:01
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CRAS promovem direitos e autonomia de mulheres em Belo Horizonte
Divulgação/PBH


A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio dos 36 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), oferece diversas ações voltadas à proteção e ao fortalecimento da autonomia feminina. Um dos serviços disponíveis é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que busca fortalecer vínculos familiares e comunitários, além de promover o acesso a direitos. Somente em janeiro deste ano, mais de 4 mil famílias, em que a mulher é a referência familiar, participaram das atividades do PAIF, especialmente dos encontros em grupo, que incentivam a troca de experiências e a construção de soluções para superar desafios.

No CRAS Graça Sabóia / Morro das Pedras, no Bairro Grajaú, foi criado um Grupo de Mulheres, aberto a participantes a partir dos 18 anos, com atividades voltadas para o autocuidado, combate à violência e reflexão sobre os papéis da mulher na sociedade. A psicóloga Regina Helena Marques Pessoa destaca a importância do grupo. “O grupo tem como objetivo trocar experiências sobre violências variadas contra a mulher e tratar de temas como sobrecarga, adoecimento, depressão e ansiedade. A partir dele, as mulheres refletem sobre seu contexto e são incentivadas a serem protagonistas de suas próprias histórias”, explica.

Força feminina e superação

As reuniões proporcionam não apenas acolhimento, mas também histórias de superação. Raimunda de Fátima Frois, participante do grupo há seis meses, compartilha como o espaço transformou sua vida. Moradora da região há 47 anos, ela sempre cuidou da alimentação da família e de parentes, mas nunca recebeu um gesto de reconhecimento. “Fiquei três anos lutando sozinha, porque tinha muito medo de dizer não. Aqui aprendi a colocar limites e a falar não e sim na hora certa. Deixei para trás o medo que eu tinha”, conta.

Outra história de transformação é a de Rosimeire Rodrigues da Silva, que participa do grupo desde 2021. Após enfrentar violência na infância e no casamento, desemprego e abandono do marido, ela encontrou apoio no CRAS. “O Cras me abraçou, literalmente. Fui incluída no Cadastro Único e avaliada para receber o Bolsa Família, que hoje me ajuda muito”, afirma.

O poder do afeto e da autoestima

A assistente social Maria Eugênia Porto Ribeiro da Silva destaca que o grupo trabalha temas como afeto, dor e resiliência. Uma das dinâmicas, chamada “Que rainha sou eu?”, levou as participantes a refletirem sobre os papéis que desempenham no dia a dia, como o trabalho doméstico e o uso de novas tecnologias. Ao final, todas receberam uma coroa, simbolizando sua importância. Em outra atividade, cada mulher recebeu uma caixa de presente com um espelho no fundo, causando forte impacto emocional. “Foi surpreendente colocar cada mulher como a pessoa mais importante da própria vida”, relata Maria Eugênia.

A participante Valdenice Nogueira Braga, moradora do Morro das Pedras, reforça o papel do grupo em sua vida. “O CRAS é minha segunda casa. Aqui tenho liberdade para falar, sem julgamentos. Pela primeira vez, consegui compartilhar um episódio de violência doméstica. O grupo nos dá voz, acolhimento e sabedoria”, diz. Hoje, Valdenice, beneficiária do Bolsa Família e do BPC, compartilha momentos de carinho com sua filha e neto. “Falo ‘eu te amo’ todo dia. Já disse a ela que prefiro ser avó do que mãe, e que cabe a mim ‘estragar’ meu neto”, brinca.

Com essas iniciativas, os CRAS de Belo Horizonte seguem promovendo empoderamento, apoio e transformação na vida das mulheres.

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