Centro Cultural São Geraldo recebe exposição, que apresenta a relação entre a vida e a morte na visão de mulheres com trajetória de vida nas ruas

A mostra é fruto das atividades realizadas pelo QUANDO Coletivo, grupo que reúne artistas e pessoas com trajetória de vidas nas ruas através de práticas de arte e autonomia que acontecem em abrigos e espaços públicos da cidade.

Abr 23, 2025 - 14:19
 0
Centro Cultural São Geraldo recebe exposição, que apresenta a relação entre a vida e a morte na visão de mulheres com trajetória de vida nas ruas


Até quando? Essa pergunta guia e dá nome a uma exposição que fica em cartaz simultaneamente em dois espaços culturais da capital mineira. Um deles é o Centro Cultural São Geraldo, localizado na Rua Silva Alvarenga, 548 - Bairro São Geraldo, até 30 de abril. Com entrada é gratuita. Os trabalhos transitam entre artes visuais e sonoras, esculturas têxteis, fotografias, performances e instalações e intervenções urbanas que revelam testemunhos da lida cotidiana de quem luta para sobreviver e pelo direito de existir.

Estão presentes obras que trazem tensionamentos sobre a relação entre a vida e a morte. “O que seria esses instantes para cada uma de nós? É uma condição que é comum a todo ser humano mas, ao mesmo tempo, também é uma questão política que se revela no abismo social existente no Brasil no que se diz respeito ao descaso com as pessoas em situação de rua” afirma o integrante do coletivo Matheus Couto a partir de uma conversa realizada no Abrigo Maria Maria em que o QUANDO Coletivo está em atuação desde 2018.

Neste contexto, o coletivo se depara com o descaso do poder público com as vidas que se vão para quem não tem condições de pagar pelo seu próprio sepultamento. “Mulheres que são enterradas como indigentes e que possuem seus direitos violados durante este processo, como no caso de pessoas trans que não são enterradas com seu nome social. É a partir destas reflexões coletivas surge a expressão criada pela integrante Robertinha que diz: “ordem e progresso é cheio de cadáver”, traduzindo essa experiência de quem convive com a falta. Para materializar essa reflexão, o grupo de bordados Nós e Nossos Avessos, residente do bairro, desenvolveu uma série de bordados com esta temática para serem expostos junto à obra têxtil “Babado Forte, 2022” do QUANDO Coletivo que apresenta pensamentos e imagens de integrantes que já se foram. 

“Essa exposição constrói um território de insurgência imaginária, onde os trabalhos, para além de serem expressões, são manifestações de um corpo coletivo que se move, se desfaz e se refaz o tempo todo. As obras não buscam respostas, ao contrário, prolongam a pergunta", conta Chris Tigra, uma das integrantes do QUANDO Coletivo. “A exposição apresenta um jogo de inversões, onde o que parecia descartável se torna monumento, e o que era silêncio se converte em expressão coletiva, nos convida a repensar as relações entre arte, política e pertencimento, deslocando o olhar para a vivência das ruas", completa. Sobre as obras, os trabalhos partem de reflexões acerca da existência: "O fio da vida como condutor de planos, sonhos e metas, dores, alegrias, sortes e fracassos. Diante disso voltamos a nos perguntar: até quando vão dizer que somos invisíveis? E até quando teremos que aceitar ser invisibilizadas?”, diz Ana Pá, também integrante do coletivo.

A Exposição “ATÉ QUANDO?” é realizada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e Museu Mineiro, tem patrocínio da Hotmart e correalização do QUANDO Coletivo e Onodera Produções. A equipe conta com a produção executiva de Carla Onodera, coordenação de Matheus Couto, direção artística de Chris Tigra, expografia de Rafaela Ianni, consultoria criativa de Dulce Couto e articulação artística de Ana Pá e Janine Monteiro.

Qual é a sua reação?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow